segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DOUTOR RISADINHA E O RISO NA ÉPOCA DO IMPÉRIO ROMANO

Moçada, o Paulo Barbosa (não é aquele da lambada não!) mandou super bem neste completo e interessante artigo postado em 31 de janeiro, abordando o Riso no Império Romano. Uma salva de palmas para o Paulo:


O PECULIAR HUMORISMO ROMANO E ALGUNS PONTOS SOBRE O RISO

A capacidade de sutilmente apreender o lado jocoso das coisas para narrá-las e produzir o riso, também fazia parte do dia a dia do Povo Romano. A característica ou faceta peculiar, porém, do humorismo romano, era a sátira, isto é, a ridicularização de pessoas, instituições ou coisas, e não a pilhéria fina e aliciante. Era o satírico a arma que os humoristas romanos mais habilmente brandiram, aflorando-lhes ao bico da pena com uma facilidade tal como os hexâmetros e pentamêtros surgiam ao poeta Ovídio. O riso do Romano era estritamente um sarcasmo, pois não sabia rir sem comentários maldosos, impregnados de intenções de menosprezar ou magoar instituições ou pessoas. Eram humoristas que gostavam de rir à custa alheia. A sátira humorística chegou mesmo a ser instrumento de moralidade pública e de transmissão da verdade, como se depreende dos conhecidíssimos provérbios 'Ridendo castigat mores’, ‘rindo, castiga os costumes', e 'Ridendo dicere verum, ‘rindo, disse a verdade'. Apesar de ter sido cultivada bem antes pelos gregos, é o gênero satírico bem apropriado ao temperamento do homem Romano, podendo mesmo afirmar que é a modalidade própria da expressão jocosa deste tipo humano. Era tão arraigado neste povo a inclinação para o chiste e para a troça, tão penetrado do instinto do cômico, que diziam preferir perder um amigo, a perder uma piada, um dito espirituoso: ‘Potius amicum quam dictum perdidi’, ‘antes perder um amigo do que uma piada’.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ROMANO

O povo do Lácio era rude e obstinado, afeito às batalhas, dado aos duros trabalhos dos campos, submisso às mais rígidas disciplinas, seja militar, seja agrícola, mas não tinha a língua refreada, era um povo desbocado, sendo-lhe congênita a maledicência vulgar que a ninguém salvava, a ponto de Cícero perguntar "Quem poderá estar seguro numa cidade tão maledicente, in tam maledicta civitate?". Era também um povo sério, e muitas vezes abusaram da seriedade convertendo-a em severidade cruel, expandindo-se sim no riso, mas transformando-o, frequentemente, em bisturi dilacerante da honra alheia.

UM POUCO SOBRE O RISO EM GERAL...

Dizia um sábio que os povos assemelham-se no chorar e diferenciam-se no rir. O riso é distintivo de povo e de classe social, pois cada povo ri à sua maneira, da mesma forma que as diferentes classes. Uns, comedidamente, riem com uma sutil facécia, enquanto outros com estridente e grosseira gargalhada.

Pontifica a Filosofia que o riso é uma das qualidades inerentes ao homem, fazendo-o se distinguir das demais criaturas. É, pois, o homem, o único animal que ri e chora.

Enfim, a mais bela e completa apologia do riso, Frank Irving Fletcher deixou para a posteridade nesta bela sentença: "O sorriso não custa nada, mas rende muito. Enriquece a quem o recebe, sem empobrecer a quem o dá. Vem num abrir e fechar de olhos, e a sua recordação dura, às vezes, para sempre. Cria a felicidade do lar, alenta a boa vontade nos negócios e é o cartão de visita dos amigos. É descanso para os cansados, luz para os decepcionados, sol para os tristes, e o melhor antídoto contra as preocupações.

Mas não pode ser comprado, nem pedido, nem emprestado, nem roubado, porque é uma coisa que não serve para ninguém, se não se dá espontânea e gratuitamente. Ninguém precisa tanto de um sorriso, como aquele que o não tem para dar. Por isso, se não lhe sorriem a si, sorria você para os outros" (cf. How to win friends and influence people).

E Hans-Chr. Oeser arremata muito bem ao proclamar que "para quem já não pode sorrir, a vida perdeu a sua alegria e a sua frescura".
http://civilizacaoeambiente.blogspot.com/2011/01/o-peculiar-humorismo-romano-e-alguns.html

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