Olá Pessoas Risonhas, tudo bem? Como foi o final de semana? O meu foi excelente e desejo que o de vocês também tenha sido. E para começar bem a semana, além de divulgar o 2º Dia do Nariz Vermelho, gostaria de compartilhar com vocês a matéria elaborada pela Mafalda de Avelar que foi veiculada ontem (30/10) na seção Vida do site do Económico de Portugal sob o título "O Dinheiro dá Felicidade?". Acompanhem a matéria na íntegra, logo abaixo:
Estudos
científicos mostram que o ser humano tem cada vez mais poder no cálculo da sua
felicidade. Num momento de crise, vale a pena pensar nisso...
Existem
três grandes pontos de interrogação quando se fala de felicidade. Em primeiro
lugar: que percentagem da nossa propensão para sermos felizes é que depende do
nosso ADN? Esta resposta é vital. Os mais optimistas, referem-se a ela, quando
a sabem elevada, de sorriso na cara. Os mais "depressivos" encontram
nela, muitas vezes, uma óptima desculpa para não saírem de uma depressão, ou
para não encararem a vida de frente e agirem sobre a mesma. Mas afinal o que
dizem os estudos? Segundo a investigadora russa Sonja Lyubomirsky, 50% da
propensão para ser feliz está no seu ADN, ou seja depende da genética; 10%
estão relacionados com as circunstâncias da vida tais como "um
divórcio", "um luto" ou "uma situação de desemprego" e
os restantes 40% estão nas suas mãos. Numa perspectiva optimista, 40% da sua
propensão para ser feliz depende da forma como lida com os problemas, como dá a
volta por cima e como encara "o que acontece". Satisfeito? Devia
estar.
Mas vai ficar ainda mais ‘happy' com os últimos resultados que saíram
esta semana noticiados na revista "The Economist". De acordo com o
estudo "Genes, Economia e Felicidade", realizado por um grupo de cientistas
da Universidade College,da Harvard Medical School, da Universidade de San Diego
e de Zurique, "1/3 da variação do nível de felicidade dos indivíduos é
hereditário".
Curiosamente, à medida que as investigações nesta área, que
envolvem estudos a gémeos, aumentam a nossa atitude ganha mais valor nesta
equação de vida que tem como resultado a tão desejada felicidade. Como refere
Sonja Lyubomirsky, no seu livro "Como Ser Feliz", 40% da nossa
felicidade é determinada unicamente pelos nossos actos, e não por factores
ambientais ou genéticos. Para a especialista em Psicologia Positiva, formada em
Harvard e em Stanford, é por isso possível desenvolver "estratégias
práticas para se aproximar cada vez mais daquilo que constitui a
felicidade".
E como se lê na "Psychology Today", "40% da
nossa alegria está sob o nosso controle, o que poderá convencer até os mais
determinados fatalistas que a felicidade é ao mesmo tempo uma escolha e um
esforço".
Mas
afinal o que é a felicidade?
Nada é
mais subjectivo. "O que é para mim pode não ser para ti!", referiu de
imediato uma colega do Outlook quando em reunião discutíamos o tema. Mas as
discordâncias não ficaram por aqui: "não digas isso!", exclamou a
mesma colega a propósito da relação entre felicidade e dinheiro e sobre uma
polémica afirmação "ter dinheiro não é sinónimo de felicidade". A
conversa subiu de tom e as dúvidas permaneceram. Nada melhor para iniciar uma
viagem pelo mundo da investigação da felicidade e da psicologia positiva. Um
universo que não deixa ninguém indiferente e que tem muitos apaixonados. Helena
Águeda Marujo é uma das referências nacionais, senão a maior, que não esconde o
brilho do olhar quando fala deste tema e quando responde que a felicidade é
hoje uma variável mensurável. "A felicidade tem sido uma das preocupações
dos investigadores na última década e isto transformou a felicidade num
movimento em que a psicologia positiva passou a ser uma tendência dentro da
psicologia geral". Hoje, essa mesma corrente alargou-se a outras ciências
sociais com a preocupação de não estudarmos apenas os problemas das pessoas,
mas o lado bom.
Sobre o
facto de ser uma variável subjectiva, Marujo responde que essa "era uma
das preocupações do mundo académico e possivelmente uma das razões porque não
era estudada".
No
entanto, e nos últimos anos, são largas as centenas de equipas de investigação
que ajudam a validar cientificamente o que as pessoas sentem. Por exemplo, uma
das maneiras de medir felicidade e isto do ponto de vista científico é
considerá-la como sinónimo de bem-estar, o que inclui um elemento cognitivo e
outro afectivo. "Tendo tudo em consideração, quão satisfeito está com a
sua vida neste momento?" É uma das questões que se coloca. Em termos
afectivos, entramos no campo das emoções positivas e negativas. Nesse relvado,
as conclusões são surpreendentes. Em
linguagem corrente: para cada notícia negativa que recebemos, temos que
arranjar três positivas para "equilibrar" o barco das emoções. A
relação aumenta de um para cinco quando toca à relação de um casal.
Discutiu hoje com a sua cara metade? Então já sabe vai ter que despertar cinco
emoções positivas para voltar a ter harmonia.
O
dinheiro dá felicidade?
Uma coisa
é certa: são muitos os factores que determinam se somos felizes e logicamente
que, à partida, uma pessoa com emprego é mais feliz do que uma que vive o drama
do desemprego; que uma pessoa que tem o frigorífico cheio é mais feliz do que
uma que luta para dar um copo de leite aos filhos. Mas essa relação não é linear
e tão pouco crescente como mostram os estudos.
Respondendo
à questão, Vasco Gaspar, psicólogo e consultor de Felicidade, diz que "Ben
Shahar aponta que em 1957, 52% dos britânicos diziam ser muito felizes enquanto
em 2005 apenas 36% o declararam. No mesmo período, os índices de riqueza
triplicaram", o que mostra que a riqueza não caminhou de mãos dadas com a
felicidade. Mais ainda: as taxas de depressão nos EUA são 10 vezes maiores do
que nos anos 60.
Muita
estatística, sabedoria popular, hoje, com provas científicas e o florescimento
de um paradigma que tem por base a felicidade, que aumenta a produtividade, o
PIB, a riqueza das nações e até a vida. Vivemos tempos em que o "T"
de Ter, começa a dar lugar ao "S" de Ser.
O que
podemos fazer para sermos mais felizes?
Já sorriu
hoje? Já deu uma gargalhada? Ontem, antes de adormecer, pensou nas coisas boas
que lhe aconteceram durante o dia? Possivelmente vai pensar "eu tenho lá
coisas boas!" e "vou rir-me de quê?". Se é esse o seu registo,
mude de atitude. Estudos científicos mostram que podemos "treinar" o
cérebro para sermos mais felizes. É fácil e prolonga a longevidade.
Segundo o
último grande estudo sobre o tema, da autoria de Martin Seligman,
"pai" da Psicologia Positiva e autor de "Flourish", são cinco os elementos que nos podem ajudar
a sermos mais felizes.
Em primeiro lugar, precisamos de emoções
positivas. Não há vidas felizes sem a parte hedónica da existência. O prazer, a
experiência emocional do riso, do amor, da curiosidade para aprender coisas novas,
a gratidão... tudo isso são experiências emocionais vitais. Mas isso não chega.
Temos que desenvolver o segundo
elemento, o criar relações positivas. Todos os estudos de felicidade apontam
para o mesmo facto: "não existe felicidade sem relações positivas".
As pessoas para serem felizes, precisam de ter com quem contar. Mais: este
elemento é tão relevante que a experiência relacional aparece à cabeça da
maioria dos estudos como "o que as pessoas consideram mais importante para
serem felizes". Procurar uma vida comprometida é o terceiro elemento. "Precisamos de ter áreas na nossa
existência em que podemos fluir." Por exemplo: foi despromovido? Em vez de
baixar a cabeça, procure uma actividade, nem que seja lúdica, que o anime. Como
refere Helena Marujo, especialista em Psicologia Positiva, "precisamos de
entusiasmo e de colocar aquilo que fazemos melhor em prática numa qualquer área
da nossa vida".
O quarto elemento surge como consequência
do terceiro. Precisamos de procurar realizações, de ter sucessos. Precisamos de
estabelecer metas porque quando conseguimos alcançá-las isso também nos dá
felicidade. Por último, precisamos de ter uma
vida com sentido. O que os estudos mostram é que tudo aquilo que são vidas
viradas para o sucesso individual ou para o próprio umbigo" não têm
propósito. Esse sentido pode ser mais fácil para os crentes. Mas não só. Isto
porque podem existir níveis de espiritualidade em qualquer experiência humana.
Para
terminar: Não se compare com os outros. Esse é, cientificamente, um dos ‘handicaps'
para ser feliz. E imagine coisas boas para se defender. Está provado que o peso
de um sonho bom é maior do que os quilos de um passado mau.