O filme, com 70 minutos de duração, surgiu quando Letícia foi procurada por um dos líderes indígenas dos Krahôs (tribo que usa como armas a força do sorriso e da doçura) pedindo ajuda para o resgate das tradições de seu povo que habita o nordeste do estado do Tocantins, entre os municípios de Itacajá e Goiantins, maior área de cerrado preservado do Brasil.
A solução apareceu quando Letícia percebeu a importância do riso para a manutenção da ordem e do equilíbrio entre os krahôs, que consideram a alegria um elemento básico da sua sociedade e designa entre os líderes um “sacerdote do riso”: o Hotxuá - espécie de índio palhaço, sua função é brincar e animar o espírito da aldeia, dissipar disputas, atritos, ensinar o certo ao agir de modo errado e, com isso, desmistificar o erro.
(imagem extraída do site www.new.divirta-se.uai.com.br)
A atriz e diretora com os krahôs durante a produção do seu filme
O filme busca o lado positivo da vida da tribo Krahô, destacando a existência dos Hotxuás, que têm a função social de entreter a tribo, mantendo a sua auto-estima e integridade, fazendo-a superar as dificuldades através do humor. "Ele é um líder estimulante dentro da aldeia, responsável pela harmonia e alegria dos outros membros, e quem busca a saída para fracassos e dificuldades que se abatem sobre a tribo. O que é curioso é que eles passaram por muitas dificuldades históricas, como massacres por parte dos latifundiários, mas sempre se superaram, com a ajuda do Hotxuá”, diz a atriz.
Sérgio Rodrigo Reis (EM Cultura) informa que o registro poético do cotidiano dos krahôs feito pelo documentário tem origem nos rituais. São três as crenças mais importantes: a harmonia da natureza, a força das plantas e a celebração da vida. Para eles, a natureza é dividida entre os partidários do Sol (wakmiyé) e os do clima úmido (katamiyé). Cada segmento possui um cacique, que rege a tribo de acordo com a situação climática. As duas forças são complementares e nenhuma pode superar a outra sob pretexto de atrapalhar o equilíbrio do universo.
Os krahôs acreditam ainda que as plantas foram presentes de Caxekwyj, uma estrela que veio do céu trazendo as sementes. Quando a estrela se transformou em moça, ensinou o povo a plantar e comer os frutos da terra. A cada planta associaram uma qualidade especial. À batata atribuíram a fertilidade e a mudança das estações; e às flores das abóboras, a origem do hotxuá. O filme entra no universo da tribo a partir da festa da batata.
(imagem extraída do site: www.new.divirta-se.uai.com.br)
O humor é um elemento de equilíbrio para os índios krahôs
Segundo Ricardo Puccetti (LUME), Hotxuá não é um personagem, mas uma função social que alguns escolhidos têm o privilégio de possuir. Esta função é passada pelo nome (que é o maior bem que um Kraó pode possuir), ou seja, quando um recém nascido recebe o nome, se este nome é dado por um hotxuá (o pai, um tio ou um amigo da família), a criança será hotxuá, podendo na adolescência optar definitivamente se vai querer ou não seguir neste papel. Também é possível alguém escolher ser hotxuá, desde que seja nomeado para que possa atuar com tal.
Os hotxuás têm importante participação no cotidiano da comunidade, sempre com o viés da comicidade, arrancando o riso das situações do dia a dia e brincando com as possibilidades de ver a vida sob outros ângulos, tendo permissão para fazer o que quiser e todos têm por ele um grande respeito e afeto.
Eles podem interferir nos afazeres das outras pessoas, podem provocar ou fazer as coisas "ao contrário", com um prazer infantil e um olhar inteligente que consegue perceber toda e qualquer oportunidade para fazer as pessoas rirem. O hotxuá pode começar a andar como um animal, cheio de contorções e caretas, no meio de um grupo de mulheres que cozinha e, de repente, pegar um bocado de comida de dentro da panela e começar a comer. Não pela boca, mas pelas orelhas, olhos e nariz. Todos caem na gargalhada e ninguém se aborrece porque ele pegou a comida. (imagem extraída do site: www.revistamoviola.com)
A maquiagem, sempre muito pessoal, é feita com tinturas extraídas do urucum (vermelho), jenipapo (preto) e de pó de giz (branco). O curioso é que o vermelho, branco e preto também são as cores básicas das maquiagens do palhaço ocidental. Hotxuá é o palhaço em essência: com sua disponibilidade para o jogo e para o outro, seu prazer e capacidade de brincar com e para as pessoas.
Muito legal não é, Turminha do Riso ??? Então, por fim juntem-se a mim para darmos uma salva de palmas para a atriz e agora diretora Letícia Sabatella, pela iniciativa, coragem e sensibilidade de tornar a tradição dos Kraós e em especial do palhaço sagrado Hotxuá, imortal e conhecida de todos nós, destacando a importância do Riso em comunidade.
Envie seu comentário sobre este povo maravilhoso, que conforme disse Puccetti, “mantém sua capacidade de rir e seu prazer de brincar, mesmo entre os adultos, tão diferente do que vemos em nossa sociedade e cultura, estimulando e mantendo vivo este espírito do rir e brincar, não importando a hora ou o lugar”. De fato temos ainda muito que aprender com os indígenas e a simplicidade e ingenuidade de suas tradições. Por isso, os Kraós são conhecidos como uma TRIBO QUE RI.
Muito legal não é, Turminha do Riso ??? Então, por fim juntem-se a mim para darmos uma salva de palmas para a atriz e agora diretora Letícia Sabatella, pela iniciativa, coragem e sensibilidade de tornar a tradição dos Kraós e em especial do palhaço sagrado Hotxuá, imortal e conhecida de todos nós, destacando a importância do Riso em comunidade.
Envie seu comentário sobre este povo maravilhoso, que conforme disse Puccetti, “mantém sua capacidade de rir e seu prazer de brincar, mesmo entre os adultos, tão diferente do que vemos em nossa sociedade e cultura, estimulando e mantendo vivo este espírito do rir e brincar, não importando a hora ou o lugar”. De fato temos ainda muito que aprender com os indígenas e a simplicidade e ingenuidade de suas tradições. Por isso, os Kraós são conhecidos como uma TRIBO QUE RI.
Abraços, SORRIA E TENHA UM BOM DIA