Booomm Diiaaa pessoas risonhas, tudo certinho? Hoje
compartilho com vocês um excelente artigo publicado ontem (29/05/17) pelo site
português Visão Sapo com o título: “O que a ciência já sabe sobre as cócegas”,
baseado no estudo de Robert Provine, um dos maiores gelotologistas do mundo.
Confiram a íntegra abaixo:
Algumas pessoas oferecem mais resistência, outras sentem-nas
à distância. A ciência analisou como as cócegas fazem parte do comportamento
humano desde as primeiras interações. Afinal, que comportamento estranho é
este?
As cócegas podem ser agradáveis ou dolorosas, eróticas ou
usadas como forma de tortura. Todos as conhecemos, mas este comportamento pode
ser mais complexo do que imaginamos. “As cócegas são dos assuntos mais amplos e
profundos da ciência”, diz Robert Provine, neurocientista da Universidade de
Maryland, em Baltimore (EUA), citado pela BBCC num extenso artigo sobre o tema.
Provine dedicou parte da sua carreira a investigar vários
comportamentos curiosos do ser humano, nomeadamente soluços, bocejos,
libertação de gases e cócegas. O neurocientista afirma que as cócegas despertam
diversos estímulos no corpo “desde a defesa do corpo e do sistema neurológico
até aos sentidos do ‘eu’ e dos outros”.
Existem dois tipos de cócegas. O primeiro, denominado
knismesis, é uma resposta primitiva associada à necessidade dos animais
defenderem o seu corpo. É uma sensação ligeiramente irritante, diz Provine,
provocada por um movimento suave na pele: “Penso que os lagartos, insetos e
praticamente todos os seres têm algum tipo de comportamento associados à defesa
da superfície do corpo.”
Por outro lado, gargalesis é um fenómeno particular dos
mamíferos: são cócegas que resultam em riso e estão associada a brincadeira.
Numa abordagem básica, as cócegas consistem numa sensação
que envolve fibras nervosas associadas ao toque e à dor. Mas alguns olhares da
ciência encontraram algumas semelhanças em espécies animais.
Cerca de 10 a 16 milhões de anos separam os humanos dos
macacos e, embora não existam grandes estudos sobre o tema, alguns estudos
revelam este comportamento acompanhou a evolução da espécie.
Uma revisão de 2004 sobre cócegas revela que este
comportamento tão comum pode ter uma complexidade subjacente. “As cócegas
associadas ao riso podem ser mais consideradas um comportamento social do que
um reflexo”, diz Samuel Selden, dermatologista e autor do estudo.
“As cócegas são o primeiro estímulo do riso”, afirma
Provine. Esta ligação entre o riso dos macacos e dos seres humanos foi algo que
Marina Davila- Ross, da Universidade Portsmouth (Reino Unido), encontrou ao
analisar chimpanzés.
“Usámos dados acústicos [do riso] da mesma forma como um
geneticista usa dados genéticos para reconstruir as relações evolutivas”,
revela. Através da construção de uma árvore genealógica destes sons produzidos
por gorilas e macacos, a pesquisa, publicada em 2009, revelou que a evolução de
grunhidos animais deu origem às gargalhadas dos seres humanos.
A pesquisa traça a história não só do riso, mas também de
cócegas. Esta brincadeira, muitas vezes, tira-nos o fôlego e essa falta de ar
resultou no riso como o conhecemos hoje.
Em 2010, após ter identificado ruídos animais que se
assemelhavam a sons humanos de risos, o psicólogo Jaak Panksepp em colaboração
com o seu aluno Jeffrey Burgdorf, realizaram uma investigação para observar a
reação de mamíferos a cócegas.
Apesar da resistência que a ciência demonstrou na altura,
desde então começaram a surgir diversos estudos onde foram utilizadas cócegas
para estudar emoções positivas em ratos.
Luca Melotti, da Universidade de Berna, na Suíça, tem
realizado algumas pesquisas sobre as expressões faciais provocadas pelas
cócegas em ratos e revelou que as cócegas ativam as mesmas áreas cerebrais e
sistemas neuronais associados a experiências de afeto positivo em seres
humanos.
“Se os mamíferos mais primitivos também demonstraram tais
respostas emocionais, isso sugere que o afeto alegre surgiu muito mais cedo do
que acreditamos”, afirmam Panksepp e Burgdorf.